terça-feira, 30 de junho de 2009

Dialética do conhecimento

Li o livro do Caio Prado Junior chamado Dialética do conhecimento, eu li o tomo I... eu tenho lá minhas conclusões e tal qual o livro do Gransci, ele também fala de povos superiores e inferiores culturalmente...

Parece que existe mesmo um parâmetro que mede isso...
Não consegui fazer o link do fichamento, então vai no copia e cola, pra quem quiser.

PRADO JÚNIOR, Caio. Dialética do conhecimento. Tomo I – Preliminares pré-história da Dialética. 4 ed. [S.l]: Editora brasiliense.

Teorias físicas e fatos As teorias físicas em geral não emanam ou derivam da consideração imediata dos fatos de que pretendem dar conta; mas se formam e arquitetam à margem deles, freqüentemente até antes de serem conhecidos, e com o fim expresso e prefixado de explica-los” .

“Em todas elas (ciências), o conhecimento marcha através de hipóteses que são propostas e depois submetidas à prova por processos que não se distinguem essencialmente daquele que encontramos na Física ou em outros setores onde se emprega o tratamento matemático”.



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Ciência e conhecimento Existe um problema que os empiristas escamoteiam, que é o da passagem da consideração dos fatos concretos da realidade, que a ciência não adota como conhecimento, são fato, unicamente. O conhecimento empírico “não passa de uma etapa rudimentar da elaboração científica”

“É sem dúvida certo que à primeira vista somente nos satisfazemos plenamente com uma teoria cujas noções possam ser desde logo representadas intuitivamente”.

No entanto, as teorias científicas independem da intuição direta e imediata. A representação que fazemos, portanto, é pura ilusão.

“A relatividade generalizada é inteiramente estranha à mecânica quântica, como esta nada tem a ver com os diferentes departamentos da física clássica que continuam a ser tratados a luz das concepções antigas. O universo é seccionado em categorias completamente distintas, o mundo “microscópico’ e o mundo ‘macroscópico’, valendo para cada qual noções diferentes e até contraditórias – como por exemplo o determinismo, válido no último, e banido, segundo se afirma, do outro... enfim, a mais completa balbúrdia reina no domínio da ciência contemporânea.”

Quando nos é dada uma noção qualquer, e procuramos figura-la por imagens sensíveis, verificamos que não é simples descobrir-lhes uma correspondência, e que qualquer correspondência aventada está longe sempre de ser rigorosa, apresentando-se incerta e flutuante.



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Sensação e conhecimento ... isso que chamamos ‘sensações’ são dados sensoriais complexos resultantes de um processo de coordenação da experiência sensível; a imaginação, processo conseqüente, constitui um segundo plano de coordenação, derivado do primeiro, mas que com ele não se confunde. E isso nos leva ao conhecimento, porque já naquele segundo plano encontramos os germes do processo cognitivo... Isso porque a imaginação apresenta formas que já se podem assimilar a um conhecimento rudimentar e elementar.

... representações sensíveis formadas no curso da aprendizagem que se faz também unicamente na prática. A natureza por assim dizer ‘sensorial’ desse tipo de conhecimento, tão próximo da pura sensibilidade e que pouco difere do condicionamento reflexo, tem como traço característico o fato de que o executor é incapaz de explicar sua técnica senão pela efetiva realização dela: não a transpôs em linguagem, o que implica abstração; e o conhecimento que tem dela é quase puramente sensorial. Essa distinção entre conhecimento prático, de um lado, e teórico , do outro, é muito simples, e está ao alcance de observações correntes e vulgares.

... as sensações formam sempre feixes complexos de impressões sensíveis de procedência a mais diversa.








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Imaginação e pensamento abstrato ... a ocorrência simultânea (desses elementos) ou sucessão muito rápida e imperceptível num mesmo processo mental, nos mostra seu fundo comum; mas ao mesmo tempo, põe em destaque os traços que os distinguem. E isso traz grande contribuição para a compreensão do Conhecimento, como logo veremos.

Natureza das intuições: ... compõe uma grande e importante parte de nosso conhecimento; conhecimento em geral pouco seguro e impreciso, e por isso de alcance limitado; mas que nem por isso deixa de constituir uma forma, rudimentar embora, de Conhecimento.

Conhecimento imaginativo consiste numa coordenação da experiência sensível.




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Finalidade da teoria científica É dar conta dos fatos considerados, explicar os fatos, verificar-se em outros fatos além daqueles considerados. “... sistema de idéias tal que por via de inferência o pensamento possa, a partir dele, chegar aos fatos objeto da teoria em questão”.



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Aplicabilidade Teoria que unicamente dê conta de um certo número de fatos, mas que se limitasse a isso, de nada serviria. “... a ciência não se destina a ser um registro passivo do Universo, um espelho em que este se viesse refletir, e sim um instrumento de progresso com que o ser pensante que é o homem, penetra na Realidade objetiva a fim de nela e sobre ela agir”.

“Formular um problema é freqüentemente mais essencial que lhe dar solução, que pode ser questão de habilidade matemática ou experimental. Provocar o aparecimento de novas questões e possibilidades, considerar velhos problemas de um ângulo novo, isso exige uma imaginação criadora e marca um real progresso na ciência”.





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Mundo objetivo e operações do pensamento na elaboração científica Para eliminar as tendências idealistas a que a interpretação dos fatos dá ou pode dar lugar -... – é preciso abordar o assunto de maneira mais cientificamente honesta do que muitas vezes se faz.

Nenhum conhecimento pode ser dito mais elementar que a intuição ou o que freqüentemente chamamos de intuição

Conhecimento imaginativo serve para reconhecimento e identificação: as imagens, particularmente aquelas associações imaginativas em que predominam as dos sentidos (vista, ouvido, tacto, olfato, paladar), têm pelo menos uma função: a do reconhecimento e identificação das feições da realidade... constitui eventualmente o ponto de partida para a elaboração de conhecimentos mais gerais e objetivos, e menos impregnados de subjetividade e ação imediata.

Imaginação e pensamento abstrato:


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Fases do conhecimento Fase descendente do ciclo do conhecimento: o processo cíclico do conhecimento é permanente e ininterrupto, e constitui assim um todo fundamentalmente unitário; e as fases que distinguimos se fazem uma pela outra e para a outra. Do mesmo modo que a ascendente, analisada no outro capítulo, parte de uma atividade condicionada pelo momento anterior de descida, a descentende tem seu ponto de partida e se inspira na fase ascensional do processo que canaliza para o conhecimento os dados da experiência sensível, e assim forma esse conhecimento os dados da experiência sensível, e assim forma esse conhecimento que vai comandar a fase descendente que leva à atividade e a conduz.











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Explicitação “A explicitação consiste portanto na evocação da representação sensível contida num conceito.” Não é, no entanto, sucessão de imagens, tão pouco a explicitação automática dos conceitos, que exigiria uma alta faculdade de abstração, digna de filósofos.

Explicitação de conceitos abstratos: Mesmo no caso de conceitos mais abstratos podemos observar fato semelhante. Qualquer conceito que tenha para nós um sentido real, e não seja puro verbalismo destituído de conteúdo pensante, provoca geralmente, nos casos normais, evocação de experiências passadas, sob forma de representações sensíveis. São tais experiências evocadas que contribuíram, em parte pelo menos, para a constituição daquele conceito considerado, e a evocação por ele provocada não representa senão sua explicitação.

O que se passa no foro íntimo dos outros não nos é acessível senão por processos indiretos e precários. O pensamento, quando se exprime exteriormente, o faz pela linguagem que por natureza já é abstrata, e para fazermos um juízo do que se esconde atrás dela e do processo real de pensamento de que resultou não podemos senão conjecturar.



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Termo, proposição e linguagem O termo, por exemplo, é aí definido como expressão verbal da idéia; a proposição, como expressão do juízo. A linguagem é pois reconhecida como expressão do pensamento não o pensamento.


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Inferência A inferência não pode ser instrumento de elaboração do conhecimento, mas apenas uma de suas fases que consiste na revelação ou reprodução do conhecimento já elaborado.


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As maneiras pelas quais os indivíduos e as ciências podem expressar-se Linguagem como uma maneira de pensar: O que dificulta frequentemente a proposição corretado problema é o fato de a linguagem ser em geral considerada sobretudo e em principal lugar sob o aspecto de sua função transmissora do pensamento entre os indivíduos, isto é, como expressão exterior do pensamento e meio de comunicação. O que representa apenas uma parte da realidade.

Pensamento discursivo: a linguagem é assim ao mesmo tempo que expressão exterior do pensamento, uma das maneiras de ser desse pensamento. Chamemo-lo de pensamento discursivo, em oposição ao pensamento conceptual propriamente que caracterizaremos por enquanto simplesmente por essa posição.













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Transformação e alternância das maneiras depensar No que diz respeito ao conhecimento e à sua teoria que centralmente nos interessam aqui, é a transformação do conhecimento conceptual em discursivo que representa o momento decisivo da elaboração do conhecimento, e naturalmente também de sua elocução e comunicação; enquanto a transformação inversa (discursivo-conceptual) é o momento decisivo da aquisição do conhecimento.

Sempre se concebeu a linguagem como maneira de delimitar, isto é, de precisar a idéia.





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Seccionamento do pensamento pela linguagem Que a linguagem é expressão do movimento do pensamento realizado pelo seccionamento dele, isso se verifica na observação atenta dos processos mentais. Acompanhando o desenrolar das operações do nosso pensamento, verificaremos que a irrupção nele da linguagem suprime imediatamente sua fluidez, que não retorna senão quando a linguagem se resolve novamente em pensamento conceptual.






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VOCABULÁRIO: “... comprovam o fato ex-abundantia.

Conclusões:
Tudo isso parece lógico. Porém, por exemplo, se formos levar a coisa toda ao pé da letra, surdos não poderiam apreender e praticar ciência, visto que elaboram formas que o autor chamou de `rudimentares` de conhecimento (ligadas às imagens abstratas,substitutivas do mundo real).É de se questionar a partir disso...

Outro ponto questionável do autor é a classificação que ele faz em “povos de baixo nível de cultura” (pág 61) sem especificar o que seria baixo nível de cultura. O autor atribui o ‘ conhecimento rudimentar imagina e representativo’ aos ‘povos de baixo nível de cultura’.

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