segunda-feira, 9 de junho de 2014

Reciclagem

O Tito está com quase 4 anos, ainda suja muito o carro, mas a casa já pode ser reciclada.

Daí que eu resolvi pintar o apartamento, mas eu não sei naaaada de decoração. - Essas coisas de menininha!!! - e agora tenho que resolver isso: que cor vou usar????? Branco? Branco gelo???? Pérola??? Marfim???? 

Goooogle, nada....   Sites de análise da casa cor, nada....     blogueiros decoradores??? 

A internet é machista nesse assunto!!!! Eu já sei tudo: como pintar... como não pintar todos os móveis.... como não pintar o chão... como usar todas aquelas ferramentas... Gente, tudo o que o pintor sabe... 

Só não sei que cor usar...

Bom, já sei também: grafiato - não / uma cor para cada ambiente - não /

Eu não que cor usar...



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Diplomatizzando: Um manifesto em favor de um criminoso: uma peticao...

Diplomatizzando: Um manifesto em favor de um criminoso: uma peticao...: "Recebi, de um correspondente de internet cuja identidade não vem ao caso, a petição abaixo transcrita, cujos termos repudio da maneira mais ..."

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Não passarão!: O assassino Cesare Battisti

Não passarão!: O assassino Cesare Battisti: "Minha opinião [que defendi em quase uma dezena textos] é mais que conhecida: o assassino Cesare Battisti [que agora apela para o comodismo d..."

sábado, 27 de novembro de 2010

O Rio continua lindo

A crise no Rio e o pastiche midiático


Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vence o preconceito no debate sobre o aborto

Publicado hoje, no Correio Braziliense, caderno Opinião, pág 17.
Flávia Biroli ( professora do Instituto de Ciência Política da UnB e pesquisadora do CNPQ)

O debate sobre a descriminalização do aborto ainda não aconteceu no Brasil. Quando ganhou a cena na campanha de 2010, apareceu marcada pela oposição entre a defesa e a ofensa contra a vida .
(...)

Há aqui o reconhecimento de que a criminalização não impede que milhares de mulheres realizem abortos todos os anos, colocando o aborto clandestino entre as principais causas de morte materna.
(...)

O peso das igrejas na definição da agenda e na formação das preferências dos eleitores não era esperado. Mas não é só isso que a campanha eleitoral de 2010 expôs. Mostrou que quando o discurso religioso define os limites, não há debate.
(...)

A defesa da vida sem discutir políticas reprodutivas e desconsiderando o direito das mulheres a ter voz e escolha tem um significado precioso: o reforço a preconceitos que comprometem a defesa responsável da vida e a garantia da autonomia dos indivíduos pelo Estado.

Alguns pontos merecem esclarecimento. Ser a favor da descriminalização do aborto não significa ser a favor do aborto. A defesa da descriminalização corresponde à defesa de que cabe à mulher decidir se mantém ou não uma gravidez. ... nenhuma mulher deseja realizar um aborto, nenhum Estado defente a rotinização dessa prática. Mas, diferentemente da suposição de que avida tem o mesmo valor em qualquer circusntância, defende-se a vida da mulher e a autonomia dos indivíduos para decidir.

A criminalização do aborto restringe a autonomia da mulher.

(e os argumentos continuam... ) Até quando vamos ficar discutíndo o imponderável. Há um direito negado às mulheres brasileiras: fato.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Na noz

HAWKING, Stephen. O universo numa casca de noz. 4ª. ed. Tradução de Ivo Korytowski. São Paulo: ARX, 2001.
Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito. Shakespeare.

Livro dividido em 7 capítulos, 211 páginas. Apesar de querer, não consegui ler o livro sem largar. Tem muito de física, de química, de simetria espacial, precisei ler como quem degusta um vinho: sentindo cada sabor, perscrutando cada conceito como a novidade que era, imaginando todo o espaço que ele descreve... tudo em 3 dimensões... Fantástico!!! Com um muito bom humor
O livro todo fala de novas tecnologias, perturbadoras, mas acalma o leitor despreparado para esse admirável mundo novo com frases de efeito:
... é melhor viajar com esperança do que chegar.
... seremos sempre o centro de um horizonte de possibilidades em expansão.
“Kant supunha que o tempo possuía um significado independente do universo.”
A discussão entra pela matemática e desemboca na filosofis... 42! Eu responderia, lembrando do Mochileiro das galáxias... “Poderia-se pensar que isso significa que os números imaginários não passam de um jogo matemático, sem nenhuma relação com o mundo real. Do ponto de vista da filosofia positivista, porém, não é possível determinar o que é real. Tudo que se pode fazer é descobrir quais modelos matemáticos descrevem o universo em que vivemos. Afinal, um modelo matemático envolvendo o tempo imaginário prevê não apenas efeitos que já observamos, mas também efeitos que ainda não conseguimos medir, porém nos quais acreditamos por outros motivos. Então, o que é real e o que é imaginário? A distinção está apenas em nossas mentes?
“A coisa mais óbvia sobre o espaço é que ele continua e continua e continua.”
“Einstein afirmava que Deus não joga dados. Entretanto, tudo indica que Deus é um grande jogador. O universo pode ser imaginado como um gigantesco cassino, com dados sendo lançados ou roletas sendo giradas a todo momento.” Eu adorei isso...
“Como o universo continua lançando dados para ver o que acontece depois, ele não tem uma única história, como se poderia pensar. Pelo contrário: o universo deve ter várias histórias possíveis, cada uma com sua própria probabilidade.”
“Em ciência, encontrar a formulação certa de um problema constitui, muitas vezes, a chave para a sua resolução.”
“Bons jogadores gostam de apostar em peculiaridades.”
“...a vida biológica e eletrônica continuarão evoluindo em complexidade a um ritmo sempre crescente.” – se a gente não acabar com tudo antes...
“Em nenhuma época, durante aproximadamente dez mil anos desde a última Era Glacial, a raça humana vivenciou um estado de conhecimento constante e tecnologia fixa. Houve alguns retrocessos, como a Idade das Trevas, após a queda do Império Romano. Mas a população mundial, que é um indicador de nossa capacidade tecnológica de preservar a vida e nos alimentar, tem crescido constantemente, com apenas alguns contratempos como a Peste Negra.”
“Atualmente, a taxa é de cerca de 1,9 por cento ao ano. Isso pode parecer pouco, mas significa que a população mundial dobra a cada 40 anos.
Outros indicadores do progresso tecnológico nos últimos anos são o consumo de eletricidade e o número de artigos científicos. Eles também mostram um crescimento exponencial, dobrando em menos de 40 anos. Não há sinal de que os progressos científico e tecnológico diminuirão e pararão em um futuro próximo – certamente não na época de Jornada nas estrelas, que deve existir em um futuro não muito distante. Mas se o aumento da população e do consumo de eletricidade continuarem no ritmo atual, em 2600 as pessoas ficarão ombro a ombro e o consumo de eletricidade deixará a terra incandescente.
Se você dispusesse todos os novos livros um ao lado do outro à medida que fossem sendo publicados, teria de correr a 145 quilômetros por hora apenas para acompanhar o fim da fila., Claro que, em 2600, as novas obras artísticas e científicas virão em formas eletrônicas, e não como libros e artigos físicos. Contudo, se o crescimento exponenecial prosseguisse, surgiriam dez artigos por segundo no meu ramo da física teórica, e não haveria tempo para lê-los).
Evidentemente o atual crescimento exponencial não pode durar para sempre. Então o que acontecerá? Uma possibilidade é nos exterminarmos completamente por algum desastre, como uma guerra nuclear. Os pessimistas dizem que o motivo por que não fomos contatados por extraterrestres é que, quando uma civilização atinge nosso estágio de desenvolvimento, torna-se instável e destrói a si mesma. Contudo, sou um otimista, não acredito que a raça humana tenha chegado tão longe simplesmente para se extinguir justo quando as coisas estão se tornando interessantes.”
“De longe, os sistemas mais complexos que temos são nossos próprios corpos. A vida parece ter se originado nos oceanos primordiais que cobriam a terra há 4 bilhões de anos. Como isso aconteceu, não sabemos. Pode ser que colisões aleatórias entre átomos formaram macromoléculas capazes de se reproduzir e de se reunir em estruturas ainda mais complexas. O que sabemos é que, há 3,5 bilhões de anos, a altamente elaborada molécula DNA surgiu.
O DNA é a base de toda a vida na Terra. Ele tem uma estrutura de dupla hélice – como uma escada em caracol – que foi descoberta por Francis Crick e James Watson no laboratório de Cavendish, em Cambridge, em 1953. Os dois filamentos da dupla hélice estão ligados por pares de ácidos nucléicos, como os degraus de uma escada em caracol. Há quatro tipos de ácidos nucleios: citosina, guanina, timina e adenina. De acordo com a ordem em que os diferents ácidos nucléicos ao longo da espiral. Na maior dos casos, os erros na cópia tornam o DNA impossibilitado ou com menos probabilidade de se reproduzir, fazendo com que esses erros genéticos – ou mutações, como são chamados – se extingam. Mas, em uns poucos casos, o erro ou mutação aumentará as chances de o DNA sobreviver e se reproduzir. Tais mudanças no código genético serão favorecidas. É assim que as informações contidas na sequencia de ácidos nucléicos gradualmente envoluem e ficam mais complexas.
“Como o universo continua lançando dados para ver o que acontece depois, ele não tem uma única história, como se poderia pensar. Pelo contrário: o universo deve ter várias histórias possíveis, cada uma com sua própria probabilidade.
“Evidentemente o atual crescimento exponencial não pode durar para sempre. Então o que acontecerá? Uma possibilidade é nos exterminarmos completamente por algum desastre, como uma guerra nuclear. Os pessismistas dizem que o motivo por que não fomos contatados por extraterrestres é que, quando uma civilização atinge o nosso estágio de desenvolvimento, torna-se instável e destrói a si mesma. Contudo sou um toimista.”
“A taxa de aumento da complexidade do DNA aumentou gradualmente para cerca de uma unidade por ano nos últimos milhões de anos. Até que, cerca de seis ou oito mil anos atrás, um novo e maior progresso ocorreu: nós desenvolvemos a língua escrita. Com isso, informações puderam ser passadas de uma geração a outra sem precisar esperar que o tão lento processo de mutações aleatórias e seleção natural as codificasse na sequencia de DNA. O grau de complexidade aumentou tremendamente. Um único romance em brochura podia conter tantas informações quanto a diferença entre DNAs de macacos e serde 30 volumes podia descrever toda a sequencia do DNA humano.”
“Essa transmissão de dados por meios externos, não-biológicos, levou a raça humana a dominar o mundo e a ter uma população em crescimento exponencial. Mas agora estamos no início de uma nova era, durante a qual seremos capazes de aumentar a complexidade de nosso registro interno, o DNA, sem ter de esperar pelo lentro processo da evolução biológica. Não houve mudança significativa no DNA humano nos últimos dez mil anos, mas é provável que sejamos capazes de reprojetá-lo totalmente nos próximos mil anos. Claro que muita gente dirá que a engenharia genética em seres humanos deveria ser proibida, mas dificilmente conseguiremos impedi-la.”
“Obviamente a criação de seres humanos apromorados acarretará grandes problemas sociais e políticos no que diz respeito aos seres humanos comuns. Minha intenção não é defender a engenharia genética humana como evolução desejável, mas apenas dizer que é provável que ela aconteça, queiramos ou não. Essa é a razão por que não acredito em ficções científicas como Jornada nas estrelas, nas quais pessoas 400 anos no futuro são essencialmente como nós hoje. Acho que a raça humana e seu DNA aumentarão sua complexidade rapidamente. Deveríamos reconhecer que isso tende a ocorrer e avaliar como lidaremos com esse fato.”
“De certo modo, a raça humana precisa melhorar suas qualidades mentais e físicas para lidar com o mundo cada vez mais complexo à sua volta e enfrentar novos desafios, como as viagens espaciais. Os seres humanos também precisam aumentar sua complexidade para que os sistemas biológicos se mantenham à frente dos eletrônicos.”
“Esse aumento da complexidade biológica e eletrônica prosseguirá para sempre ou existe um limite natural: Do lado biológico, o limite da inteligência humana tem sido, até agora, fixado pelo tamanho do cérebro que passará através do canal do parto. Tendo presenciado o nascimento de meus três filhos, sei como é difícil a cabeça sair. Mas creio que nos próximos cem anos conseguiremos desenvolver bebês fora do corpo humanos, de modo a eliminar essa limitação. “
“Podemos ser espertos ou muito inteligentes, mas não ambos.”
“Outra forma de aumentar a complexidade dos circuitos eletrônicos, mantendo sua velocidade, é copiar o cérebro humano. O cérebro não possui uma CPU – Unidade Central de processamento – única que processa cada comando em sequencia. Ao contrário, possui milhões de processadores trabalhando juntos ao mesmo tempo. Tal processamento paralelo maciço será também o futuro da inteligência eletrônica.”
“As bactérias se defendem muito bem sem inteligência e sobreviverão a nós se a nossa suposta inteligência provocar nosso extermínio em uma guerra nuclear. “
“Na verdade, para exolicar a velocidade com que as estrelas orbitam o centro de nossa galáxia, aparentemente deveria haver mais massa do que aquela deduzida a partir da matéria que observamos.” – Mas esse pensamento pode ser aplicável a algo tão pequeno quanto um ser, por exemplo, ou só ao objeto grande quanto planetas e sistemas solares?
Porque esse livro é tão fundamental: porque mesmo que você não compreenda extamente o que ele diz, prova com a física, você consegue observar um futuro prático, uma visão da aplicação prática da teoria que ele expõe.


Naturalmente é uma palavra pro-fun-da-men-te complexa nesse livro!

sábado, 18 de setembro de 2010

Sobre Dilmas e Erenices

Neste momento de crise, quando tudo parece efêmero, incerto; quando tudo vacila, torna-se duvidoso e está em vias de desaparecer, constato que a intelectualidade, impedida de reconhecer a falência das verdades que difundia anteriormente, passa a afirmar que o dado fundamental da realidade e existência humana é constituído de irracionalismo e incondicional relativismo...

Inspirado nas notícias da semana...