quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aula de Constitucional - www.tribuneiros.com

Reproduzo excelente texto de Carlos Andreazza, em http://www.tribuneiros.com/2009/07/16/por-que-honduras/

Por que Honduras?por C.A. - Quinta-Feira, 16 de Julho de 2009, às 14:55

Atenção: este texto, na verdade um editorial, pretende explicar, por meio de Honduras [da democracia em Honduras], o que é o site Tribuneiros.com, e o que, afinal, estamos fazendo - há 6 anos - aqui. Espero ser bem claro.

Tenho respondido muito - sempre - aos leitores que me escrevem; no que, creio, faço bem. (E assim seguirei). Agora, de maneira até agressiva [uso o “até” porque agredir por escrito requer algum talento…], recebo de Bruno Marques de Souza, que desconheço, um e-mail que tem por objetivo apontar, com termos típicos de um sindicalista profissional, para a pequenez de nossa insistência - a Tribuneira - em tratar de Honduras,”país insignificante”, quando “no Brasil há coisas muito mais graves em curso”.

Não há, não, Bruno. Felizmente. E disto é importante que se saiba: em que pese a insistência de Lula [com sua vocação nata para colocar o presidente acima até da Presidência] por diminuir o Legislativo, ao que muito e decisivamente facilita o próprio parlamento [de Sarney, Renan e outros pizzaiolos], temos aqui uma democracia sólida, que funciona sob a ordem constitucional - e, sobretudo graças ao Judiciário, com equilíbrio entre os Poderes da República.

Temos corruptos, canalhas, vigaristas, picaretas, velhacos, vagabundos e o PSOL - temos a corja toda exatamente como tem a Venezuela, o Equador, a Bolívia e, sim, Honduras. Mas aqui, pelos motivos acima expostos, o chavismo não se cria; e nem tenta. (Ainda; e imagino - especulo pelo estilo de teu e-mail - que você, Bruno, esteja ávido pela hora de aderir)…

Em Honduras, porém, os golpistas de Hugo Chávez, por meio do cafajeste Manuel Zelaya, tentaram - e ainda tentam - atuar, penetrar, ocupar, destruir, solapar o Estado de Direito para instalar a ditadura bolivariana, esta que vai tomando a América Latina e que se vale de elementos isolados da democracia [da democracia direta] para assaltá-la como um todo.

Honduras, contudo, resiste. E é muito bonito, quero lhe dizer. (É muito bonito, não sei se você alcança, ver algo em que se acredita tanto, em que se aposta tanto, algo por que - na teoria - seríamos capazes de morrer sendo, na prática, ao vivo, plenamente defendido, nas ruas, sob a lei, sob o espírito das leis e à luz da consciência democrática soberana que, sim!, existe no povo, naquele povo). Honduras resiste, caro Bruno. Como nação, como povo disposto a enfrentar as conseqüências de se depor um presidente que queria depor o país, Honduras resiste e caminha - e se prepara para eleger, em novembro, um novo chefe para o Executivo. Honduras resiste à ignorância [à má-fé] da comunidade internacional, que resulta já em sanções econômicas à nação, porque prefere essas às que viriam, muito maiores e duradouras, com o golpe e com a ditadura.

Honduras disse não a um canalha que a queria pra si - eternamente. Honduras disse não a um canalha que a queria para si e para um tirano como Hugo Chávez. Honduras, caro Bruno, quer-se pra si; para os seus. Honduras sabe, na carne, o que é uma ditadura; e ergueu uma Constituição que não a tolera sequer em pesadelo, sequer em dissimulações torpes. Honduras disse sim à sua Constituição, e é ao lado dela que Honduras está, que ficará; e disse não ao projeto de reeleições infinitas que assolam e corroem, disfarçadas, a democracia da América Latina. Honduras disse não a esse golpe - a esse golpe distraído… Honduras disse não. Não. E é assim que Honduras é, neste momento, a democracia - a democracia inteira, universal. Plena. Honduras é a lei. Honduras defende, com grandeza e sozinha, a posição da democracia na América Latina - e o faz agora. Já. No mundo todo, para o mundo inteiro: Honduras defende a Constituição, uma Constituição universal, o Estado de Direito, um Estado de Direito Universal - e Honduras é o mundo. E não há, Bruno, não há nada maior - nada mais importante - em curso ora no planeta. Neste mundo, neste momento, Honduras é tudo em que, nesta Casa, acreditamos.
Você, caro Bruno, pode ir embora; pode nunca mais voltar. Francamente: não estou nem aí. E não é porque temos milhares de leitores e podemos perder um, dez ou cem; não. É porque seguimos um caminho - coerente. Temos um norte. Não somos oportunistas. Não escrevemos para um grupo, para uma geração, para um partido, para uma cor. Não escrevemos para fulano ou sicrano. Não escrevemos para você. Não escrevo para mim, por mim. Sou independente - somos. Escrevo - e sei que falo em nome do Pim - por uma questão maior, moral, intelectual, por uma questão de responsabilidade, seja lá o que for, chame-a como quiser: escrevo pelo que acreditamos.

Em alguns: dói.

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